quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Creio que só agora expiro os últimos ares de Maromba que consegui conter em meus pulmões. Fiquei estes dias todos meio que expirando de mansinho, me recusando a deixar escapar de lá de dentro todo o ar e a paz que ele me traz.
É lá que vivo em meus sonhos, mais que em viagens alucinantes, em delírios de grandeza, ou voltas a um passado de outras eras.
É lá que encontrei meu espaço de paz, de sossego.
Quero acordar ouvindo aquele rios quebrando nas pedras todo dia, quero sentir o fresco da manhã, a mata toda molhada da noite úmida.
Quero ir andando até alguma cachoeira e mergulhar naquelas águas geladas de doer até meu corpo se acostumar com isso...mais, até que ele peça por isso.
Andar nas tardes serenas, ir descobrindo cada canto que ainda não sei, saber as trilhas, as árvores, as pedras.
Desenhar até chegar à perfeição das curvas do rio, trabalhar em peças paridas do barro sem me importar nem um pouco se elas vão vender ou não. Me importar apenas que me agradem ao olhar e toque.
Desenhar as curvas do teu corpo de todas as formas que conheço.
No carvão, no grafite, no terrível óleo. No meu barro, meu amor.
Maromba é minha casa, meu recanto de alma.
E teu também.
Quero fazer daquela estrada de pedrinhas, que você num momento visualizou perfeita e em outro te intimidou, tão conhecida, tão sabida por nós, que poderemos andar por ela a que horas for sem temer nada.
Teremos o caminho diante de nossos olhos cegos. Teremos talvez apenas o luar para nos acompanhar.
E por falar nele, quero mergulhar na piscina das cachoeiras à sua luz.
quebrar em mil pedaços o reflexo dela na água, para eu me sentir engolfada, finalmente, por ela. Para que eu possa finalmente me sentir unida a ela.
Quero te amar na noite ao ar livre, no meio do dia, no rio. E de vez em quando em nossa cama.
Quero ir para Maromba de vez.
Com você.
Lá encontrei minha alma.
Lá eu encontrei minha paz.
Deixa eu prender mais um pouquinho minha respiração e ficar com mais um pouco do cheiro fresco de lá por dentro de mim.
As imagens, estas ninguém me tira. Só preciso fechar os olhos...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Não sei o que é mais complicado.
Conviver com uma frustração incubada, desejando o tempo todo correr louca rumo ao que quero, ou ansiar, quase ao ponto do enjôo, quando vislumbro a possibilidade.
Segurar a imaginação é foda...neste momento, já estou de férias no Caribe!
Podem me chamar de fresca, metida, besta, o que for, mas confesso:abomino andar de ônibus.


Abomino o barulho enorme que todos fazem, abomino as freadas, aceleradas no vazio(são mestre nisto, todos.Deve fazer parte do processo seletivo...), arrancadas.


Abomino o toque para descidas que, a mim, parece soar a cada vez que eles mal arrancam dos pontos.E repetidas vezes!


Abomino a sujeira reinante em sua quase totalidade.E, pior de tudo, para minha vergonha, abomino ter que dividir meu espaço nos ditos cujos com as pessoas.


E, como tudo que eu descrevi aí em cima , não é feito sozinho, chega-se à conclusão que eu, abomino mesmo é gente, e com isso, o fato de um ônibus ser um transporte coletivo.


De massa, como dizem.


Infelizmente, como sou uma fudida, não tenho outro modo de me deslocar a não ser usar os mesmos quase diariamente.E o quase aí, é uma verdadeira felicidade!


Assim também como o é, o fato de eu quase sempre pegar ônibus em pontos finais, ou perto deles, o que me permite sentar confortavelmente na minha janelinha voltada para o mar e me preparar para deixar meus pensamentos seguirem sua correria desabalada rumo a lugares estranhíssimos e absurdos.


É, faço isso pacas, o tempo todo aliás!Penso um monte em ônibus e quase sempre, num determinado momento, me pergunto, surpresa, como diabos meus pensamentos foram parar ali...

Mas isso é outra história.

Então, tudo isto posto, imaginem só a minha irritação com qualquer pessoa que ouse atrapalhar estes meus momentos!O que, convenhamos, num ônibus, é impossível não acontecer.Tem sempre pelo menos um chato barulhento.

Se a criatura senta perto de mim já é uma merda, imaginem então se faz a besteira insuspeitada de sentar ao meu lado!!

O infeliz é fulminado em pensamentos nefastos e olhares de esguelha.

Se, para piorar é daqueles que ficam se mexendo, fazem barulhos, falam o tempo todo ao celular (tem os que falam sozinhos, mas aí eu arrumo um jeito de mudar de canto.Foda-se a janelinha!) ou compram - e comem - as guloseimas vendidas por aqueles chatos com seu discurso monocórdio, chego a ter contrações involuntárias na musculatura, controlando meus impulsos de socar a pobre criatura.

E tem as pessoas espaçosas, que me tocam!Sou daquelas pessoas que precisam de, no mínimo, uns 50 cm de distância de qualquer corpo não desejado, façam então idéia do tormento que é sentar com uma pessoa desconhecida encostando em seu braço!Me tocando!

Nesta hora sou capaz de um contorcionismo interno que, juro, me faz encolher!

E tem o momento da descida do ônibus...

Porque, se os pego em pontos finais, nem sempre desço neles.Muitas vezes tenho que me espremer entre pessoas para poder descer no ponto em que quero.E, nestas ocasiões, o ônibus invariavelmente está cheio.

O alívio que sinto ao pisar na calçada é orgástico!

Definitivamente, apesar de todos os riscos que advenham de se ter um carro, de dirigir, eu tenho, preciso, necessito, quero ter um carro de novo.

Por mais que me venham a fazer falta o poder olhar despreocupada o mar pelas janelinhas, analisar os tipos esquisitissimos, fazer minhas loucas viagens mentais, me surpreender com os links doidos que faço.
Afinal, sempre poderei contar com os engarrafamentos!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Começando...

Pois é...sempre tive vontade de fazer um blog.
Afinal escrever sempre foi uma da minhas atividades favoritas, lavava minha alma, exorcizava meus demônios, deixava minha imaginação louca fluir.
Sempre fui muito de escrever no papel, cadernos, sabe?
Não diário...apesar desta praga ser definitivamente de minha época escolar, eu nunca fui de ter diário. A possibilidade de alguma pessoa, qualquer pessoa, pegar o bicho e ver minha alma ali registrada, preto no branco, sempre me intimidou.
O que já torna por si só a existência deste blog um contrasenso.
Afinal, algo postado na internet é bem mais acessível que um caderno de notas.
Mas tem aquela coisa...eu vivia perdendo o que escrevia em qualquer pedaço de papel, qualquer caderno, folha de agenda, guardanapo de bar.
Com este aqui, posso colocar tudo num lugar só.
Quando me lembrar onde escrevi o original, claro.
Também acho que já ficou óbvio que não vou ficar deixando meus pensamentos mais íntimos por aqui.
Só quero dar vazão às coisas que me passam na mente, e também às que vejo aí por fora.
E, quem sabe, colocar um pouco de ordem nestas malditas sinapses que mal me deixam tempo para pensar!